O fim do casamento ainda dói. Leliane Gonçalves da Silva, auxiliar de laboratório, confessa: por vingança coloca os filhos contra o pai.
Ela costuma falar para os filhos que o pai não presta. “A gente fica com raiva, né? Então um quer atingir o outro a qualquer custo”.
Advogados e psicólogos dizem que usar o filho para atingir o pai ou a mãe pode provocar distúrbios para o resto da vida. E que mesmo havendo motivos para falar mal um do outro, os pais têm que pensar na estabilidade emocional da criança.
“Que os adultos resolvam essa questão entre eles e não envolva a criança, pois ela ainda não tem condição psicológica de lidar com essas situações”, explica Mariana Martins Juras, psicóloga.
O advogado Rômulo Sulz orienta que o maior prejudicado é o filho. “O que as pessoas têm que entender é que o bem maior a ser tutelado em uma situação dessa, de ruptura da união, é a criança”.
É por isso que o Congresso quer transformar em crime esse comportamento, conhecido como "síndrome da alienação parental".
Não importa se premeditado ou inconsciente: a lei, que já começou a ser votada na Câmara, prevê punições para quem levar o filho a odiar o pai ou a mãe após a separação.
As penas são gradativas. Incluem: advertência; perda da guarda e até a perda de todos os direitos e deveres dos pais sobre os filhos: o poder familiar.
Além dos pais também podem ser punidos os avós e pessoas que tenham a criança ou o adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância.
As formas de alienação parental são:
- desqualificar a conduta do pai ou da mãe.
- dificultar o contato da criança com o ex-marido ou a ex-mulher.
- omitir de propósito informações importantes sobre o filho, envolvendo, por exemplo, escola, saúde, mudanças de endereço.
- apresentar falsa denúncia contra o pai, contra a mãe ou pessoas ligadas a ele ou a ela.
Leliane sabe do mal que causa aos filhos. “Minha filha até faz tratamento com psicólogo”.
Reconhece que precisa mudar. “Eu fico me corrigindo para parar com isso para ele viver a vida dele e eu viver a minha”
Se for aprovado pela comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o projeto segue direto para o Senado.
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