16 de julho de 2010

Entidades debatem controle social da imprensa

São Paulo - Na noite da terça-feira (14), dirigentes da CUT e representantes dos movimentos sociais se reuniram na capital paulista para discutir um assunto que causa arrepios às poucas famílias proprietárias dos grandes meios de comunicação no Brasil: a democratização do acesso à informação.
O encontro teve como tema "Regulamentação e controle social na imprensa - A experiência latino-americana" e ocorreu na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
O secretário de administração e finanças da CUT, Vagner Freitas, inicou as discussões destacando que apesar dos avanços conquistados nos últimos anos, os sistemas financeiro e de comunicação ainda são excludentes e funcionam tal qual no período da ditadura.
"Convivemos com uma absurda manipulação que obriga as pessoas a pensarem de acordo com uma [única] diretriz. Ampliar a inclusão não é apenas modernizar a oferta da notícia, mas também permitir que as pessoas tenham contato com diversas visões sobre um assunto."

Democracia é censura?

O vice-presidente da Federação dos Jornalistas da América Latina e Caribe, conselheiro da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, lembrou que a ascenção ao poder de forças democráticas criou um ambiente favorável à luta pela democracia.
Porém, os ataques de quem não quer ver o fim do monopólio também cresceram. "Além do Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Venezuela continuam tendo dificuldade em implementar um processo de regulamentação e enfretam o discurso liberal de que qualquer tipo de atuação do Estado e da sociedade em defesa da liberdade de expressão é censura", afirmou.
Presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, José Augusto Camargo, o Guto, lembrou também o caso recente da demissão do jornalista Heródoto Barbeiro, ex-apresentador do programa Roda Viva da TV Cultura, após indagar o governador José Serra sobre os abusivos pedágios paulistas.
Gabriel Priolli, diretor de jornalismo da mesma emissora, também foi demitido por planejar uma matéria sobre o mesmo tema. "Os jornalistas da emissora ficam com medo de perguntar sobre temas que desagradem ao candidato Serra com medo de perder o emprego. Isso é uma afronta à liberdade de expressão", afirmou.
Schröder comentou ainda a necessidade de resgatar as propostas aprovadas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que ocorreu em dezembro de 2009, em especial um ítem aprovado por unânimidade: a criação de um conselho de comunicação social. "Precisamos de uma organização para mapear as diversas iniciativas que estão ocorrendo no País, como o PL 29 que não dialoga com os setores preocupados com a comunicação e com os trabalhadores."
Ele refere-se ao Projeto de Lei 29/2007, de autoria do deputado federal Paulo Bornhausen (DEM-SC), que permite a entrada de empresas estrangeiras de telecomunicação no setor de TV por assinatura, desde que reservem o ínfimo índice de 10% para a produção nacional. O PL já foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados e agora segue para o Senado.

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