1 de agosto de 2011

Acusações de desvios de recursos na Conab

A decisão do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, de demitir o diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Oscar Jucá Neto, provocou uma dura troca de acusações de um suposto esquema de corrupção e desvios de recursos na área administrada pelo PMDB.


Irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o ex-diretor afirmou, em entrevista à revista "Veja", que na Conab "só tem bandido" e, mesmo dizendo não ter provas, acusou o ministro Rossi de envolvimento em irregularidades.  "O ministro sugeriu que eu pensasse na possibilidade de mudar de cargo e disse num tom de voz enigmático: fica tranquilo que você vai participar de tudo".  Jucá Neto afirmou não ter aceito o que classificou como proposta.  "Ali só tem bandido e não vou trabalhar com bandidos", disse.

Em resposta, o ministro Wagner Rossi, que comandou a Conab de 2007 a 2010, atribuiu o caso a uma "retaliação vulgar" do diretor demitido por haver autorizado o pagamento à uma empresa com recursos da Política de Garantia de Preços Mínimos.  "Não estou com medo.  Ele fez irregularmente o pagamento.  Tirei por isso e já esperava essa reação. 
O Palácio (do Planalto) também", afirmou ao Valor.  Rossi relatou ter informado à ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) para dizer que "esperava retaliação".  "Fui à ministra Gleisi e ela me disse que fizesse o que era para fazer porque era minha responsabilidade", disse.  "Vou pagar o preço por uns dias, tenho que dar esclarecimentos".


À época assessor da Diretoria de Administração da Conab, Oscar Jucá Neto disputou ferozmente a indicação para diretor financeiro com o neto do deputado Mauro Benevides (PMDB-CE), o atual coordenador orçamentário da estatal, Matheus Benevides Gadelha.  Rossi queria emplacar outro na vaga, mas teve que ceder à briga interna do PMDB.  O ex-diretor já havia sido pivô de uma disputa pública no PMDB quando, em maio de 2009, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afastou-o da consultoria da Infraero, contrariando seu irmão Romero Jucá.


Jucá Neto afirmou à "Veja" que, entre os supostos casos de corrupção e desvios, estariam um acerto para elevar, de R$ 14,9 milhões para R$ 20 milhões, uma dívida judicial com a empresa Caramuru Alimentos.  A diferença seria, segundo Jucá Neto, repartida entre as autoridades do ministério.  A Caramuru negou participação em qualquer negociação.  "Corrupção?  Com certeza.  Se eu fosse a presidente da República demitiria todo mundo lá", afirmou.


O ex-diretor também apontou a venda, em janeiro deste ano, de um terreno da Conab, em Brasília.  A área, leiloada por R$ 8 milhões, teria um valor superior, segundo Jucá Neto.  O comprador seria um vizinho do senador Gim Argello (PTB-DF).  Rossi reiterou não ter participado de "nenhum acordo extrajudicial" com empresas em sua administração no ministério ou na Conab.

Amazônia.org

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