As enchentes em Pernambuco e Alagoas trazem à tona o despreparo das cidades diante de enchentes. A situação fica ainda pior quando, aliado ao volume de chuva, uma represa racha ou rompe, transbordando rios e varrendo cidades inteiras com a força da água.
Isso aconteceu no Nordeste, nesta semana, quando a barragem de Bom Conselho rompeu, causando prejuízos e mortes. Nos últimos quatro anos, cerca de oito dessas estruturas artificiais quebraram. O recorrente problema da quebra de barragens coloca em evidência a polêmica que envolve a construção dos reservatórios e a falta de manutenção das estruturas.
A construção das represas implica em danos ambientais e remoção de famílias de áreas próximas, de acordo com o ‘Movimento dos Atingidos pelas Barragens’ (MAB). Os militantes reivindicam reassentamento para as famílias e indenização, além de questionarem as novas construções. Desde 1970, os atingidos se organizam e reivindicam direitos. Na época, a construção da Usina Hidrelétrica de Sobradinho deslocou mais de 70 mil pessoas, que até hoje lutam pela conquista dos direitos.
Ao mesmo tempo em que existe a controvérsia sobre a construção das represas, há a falta de manutenção após o estabelecimento das estruturas. “Não tinha um órgão que gerenciasse as barragens. A barragem foi embora por pura falta de manutenção”, afirmou o presidente do Instituto do Desenvolvimento do Piauí, Norbelino Lira de Carvalho, sobre a barragem Algodões I, que rompeu em maio de 2009 no Piauí, causando uma enxurrada que matou nove pessoas e deixou 2 mil desabrigas.
As autoridades, geralmente, atribuem as rachaduras ou o rompimento de barragens ao grande volume de chuva. A questão é que essas estruturas são erguidas exatamente para conter a água. Logo, a desculpa oficial não convence.
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