É certo que a ascensão da ideia de responsabilidade social foi antes um imperativo de marketing de imagem do que um surto coletivo de altruísmo e abnegação. Sendo assim, trata-se também de um terreno fértil para todo tipo de demagogia. Há ações neste campo que chegam a esbarrar no conflito de interesses. Um exemplo: como parte das iniciativas de responsabilidade social da Fifa para a África do Sul, a entidade máxima do futebol mundial financiou o treinamento de 270 jornalistas esportivos, editores e fotógrafos africanos para a cobertura da Copa da Mundo… da Fifa, onde há questões controversas, e não só vitórias e derrotas, a serem noticiadas e investigadas.
Mas há também ações de cunho mais, digamos, inocentes, como os assentos especiais para cegos, com narração do jogo via fones de ouvido, disponibilizados pela Fifa em seis dos estádios onde estão acontecendo os jogos na África do Sul. As maiores empresas ligadas ao esporte também marcam presença: a Nike abriu um centro social no Soweto, e a Adidas vai leiloar quadros de artistas sul-africanos sobre futebol e reverter a renda para o Instituto Nelson Mandela. Para a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, já está prevista uma campanha contra a malária, e já há também um projeto para repetir no Brasil a Copa sustentável realizada na Alemanha. Até lá alguém repetirá Pelé quando marcou seu milésimo gol e se lembrará das criancinhas.
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