O triunfo espanhol na Copa do Mundo veio na hora certa para Jose Luiz Rodriguez Zapatero. Enquanto o primeiro-ministro enfrenta acirrados debates com o líder da oposição Mariano Rajoy, o país ainda vive a euforia que sucedeu o retorno dos jogadores campeões de Johanesburgo.
Milhares de torcedores tomaram as ruas de Madri para saudar os 23 campeões que desfilaram em carro aberto. Por algumas poucas horas, o país se esqueceu de sua taxa de desemprego de 20% ou das duras medidas de austeridade que o país adotou para combater a crise econômica. Um estudo feito pelo banco ABN Amro sugere que a vitória no futebol poderia aumentar o PIB espanhol em 0.7% — o que no caso da Espanha representa a diferença entre crescer ou não em 2010. Muitos encararam o gol da vitória, marcado pelo meio-campista Andrés Iniesta, como um ponto de virada na crise econômica espanhola.
É uma visão otimista. Setores como turismo e consumo domésticos devem ter um aumento nos próximos meses, mas o desafio a longo prazo permanece. Ainda assim, a conquista do título teve um importante efeito no país. Em San Sebastián, no País Basco, carros buzinavam nas ruas, e o canto mais ouvido na cidade era “Yo soy español” (Sou espanhol). Bandeiras espanholas nunca haviam sido agitadas com tanto orgulho na Catalunha. Curiosamente, na véspera da grande final, milhares de catalães marcharam nas ruas de Barcelona protestando contra uma decisão judicial que limitava a autonomia da região.
A seleção vitoriosa se tornou um símbolo do que pode acontecer quando os espanhóis trabalham em prol de um objetivo comum. Mais da metade do elenco era formado por jogadores catalães – ou que defendem o Barcelona, para muitos a seleção nacional da região – e o restante vinha das mais diferentes regiões do país. As políticas regionais têm complicado os esforços de reforma do governo central. Zapatero e Rajoy concordam em um ponto: reformas são necessárias nos bancos e no sistema elétrico espanhol. No primeiro caso, trata-se de um processo que já se arrasta há muito tempo, e a incerteza causada pelo segundo, levou o setor à desordem. A euforia futebolística não durará para sempre, e a Zapatero terá debates duros pela frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário