Além da facilidade de proliferação de viroses, que agravam as alergias, as mudanças de hábitos em decorrência do frio são fatores que fazem com que as pessoas sejam mais afetadas pelas doenças respiratórias no inverno. Segundo o médico Carlos Loja, chefe do serviço de Alergia e Imunologia do Hospital de Servidores do Estado e diretor da CALL Clínica e Laboratório, o maior confinamento das pessoas dentro de suas casas em função das baixas temperaturas faz com que elas fiquem mais expostas aos ácaros, fungos e outros microorganismos que provocam as infecções. “No frio, as pessoas também tendem a se aglomerar em locais fechados, o que propicia a circulação dos vírus”, explica ele.
Outra grande vilã desta época do ano é a baixa umidade, que acentua os problemas respiratórios porque piora a qualidade do ar. O ar seco dificulta a dispersão de poluentes, como o monóxido de carbono emitido pelos carros e ônibus, e de partículas inaláveis, como a poeira. Sob essas condições, deve-se evitar atividades ao ar livre e é recomendável a ingestão de bastante líquido para fugir da desidratação. Algumas cidades chegam a ficar em estado de atenção por causa do ar excessivamente seco. Foi o que aconteceu em São Paulo durante os dias 17 e 18 de junho deste ano de 2010. A umidade relativa do ar chegou a 27%, enquanto o recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 60%.
Número de internações por doenças respiratórias têm crescido em vários países
Carlos Loja ressalta que as doenças respiratórias estão presentes o ano todo, principalmente nas pessoas alérgicas, mas tem picos de exacerbação durante o inverno: “o pico do atendimento a casos de infecções respiratórias começa em abril ou maio e vai até outubro, novembro. Durante este período, chegamos a registrar um aumento de até 70% nos atendimentos realizados tanto na rede pública quanto na particular”.
De acordo com o Ministério da Saúde, os casos de internação por doenças respiratórias, sejam elas sazonais, alérgicas, transmissíveis ou não-transmissíveis, têm crescido consideravelmente no país. Em 2009, houve um aumento de 145 mil no número de internações por doenças respiratórias em relação a 2008: foram registradas, em todo o Brasil, 1.532.329 internações por essas enfermidades (o que corresponde a cerca de 14% do total de internações no Sistema Único de Saúde) contra 1.386.706 no ano anterior. Os gastos do governo em 2009 com as internações por doenças respiratórias chegaram a cerca de R$ 1,2 milhão. Segundo o Ministério, a causa para a maior incidência dessas doenças é variada e múltipla: “As enfermidades que compõem o grupo de doenças respiratórias são bastante heterogêneas. Há doenças que são resultantes de hábitos de vida, outras de fatores genéticos, outras que são causadas por vírus ou bactérias. Por isso, não se pode atribuir a um único fator, o aumento desses males de forma geral”, ressaltou, em nota, o Ministério.
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